Planeta dos Macacos: A Guerra - Crítica com Spoilers


Planeta dos Macacos: A Guerra, capítulo final da trilogia iniciada em 2011, dirigido por Matt Reeves e distribuído pela 20th Century Fox, não é um mero filme sobre guerra. Aliás, suas principais lições não são sobre guerra, mas sim sobre as semelhanças e diferenças entre as relações humanas e animais e por que, em muitos casos, o animal se mostra mais civilizado do que o próprio ser humano.

Este terceiro filme já começa mostrando o desenrolar da guerra que se iniciou no filme anterior por causa de Koba (Toby Kebell), o macaco que traiu o líder César (Andy Serkis) por odiar demais os humanos.

Por falar em César, que personagem excepcional! Desde o filme anterior, eu já me pegava torcendo por ele e seu grupo em detrimento dos humanos. César é o líder com o qual todos sonhamos: sábio, justo, ponderado, leal, atencioso e companheiro. Tudo isso em virtude do amor que ele sente por todos os macacos, estando sempre disposto a se impor por eles e a defendê-los. Em vários momentos, não só desse filme, como dos anteriores, vemos que ele é um líder muito melhor do que o líder do grupo humano, exatamente por todas essas características que eu mencionei. Em virtude disso, os macacos têm muito mais respeito e fidelidade a ele do que os humanos têm em relação a seu líder. 


No entanto, apesar de todas as virtudes de César e de os macacos se mostrarem mais unidos do que os humanos a princípio, desde o filme anterior podemos perceber que, ao contrário do que o líder imaginava, os macacos não são tão diferentes assim dos humanos. César julgava que os macacos eram seres melhores e mais evoluídos do que os humanos, justamente por terem qualidades que possibilitavam uma excelente convivência em comunidade. Porém, desde a revolta e traição de Koba, culminando nas outras traições mostradas neste terceiro filme, ele percebeu que os macacos não são tão diferentes assim dos humanos. A civilização construída por ele viveu pelo menos 10 anos em paz, mas, ao entrar em conflito com os humanos, as semelhanças ruins logo apareceram.


Como um todo, acho os roteiros de toda essa trilogia muito bons. É extremamente convincente a história do surgimento e estabelecimento de uma civilização de macacos, culminando num conflito com os humanos, que, como o próprio coronel (Woody Harelson) diz, não poderiam permanecer em paz para sempre com os macacos, porque, pela lei da natureza, era quase óbvio que eles acabariam tomando o lugar dos seres humanos.

E voltando a essa questão, acho genial a forma como a raça humana é praticamente extinta – se não fosse pela garotinha (Amiah Miller) que terminou na companhia dos macacos – nesse filme. Poucos seres humanos haviam restado, em virtude da disseminação do vírus letal chamado ALZ-113, posteriormente esses humanos entraram em guerra com os macacos e, por fim, começaram a guerrear entre si. Como muitos macacos escaparam da morte no final e só sobrou, aparentemente, a garotinha doente que estava com eles, é possível dizer que aquele foi o fim da linha para a raça humana no universo desse filme e, de fato, o planeta em que vivem se tornou o planeta dos macacos. Isso comprova o que César havia dito no filme anterior: que os próprios humanos se destroem, pois eles mesmos criaram o vírus que foi o começo do fim para eles e ainda terminaram guerreando entre si.


Apesar de manter todas as qualidades que eu mencionei acima, nesse filme César apresenta uma antiga falha humana: a sede por vingança. Inconformado com o assassinato de sua mulher e de seu filho mais velho, ele decide se vingar diretamente do assassino, que é o coronel. No entanto, o coronel teve um desfecho ainda mais interessante: justo ele, que repudiava tanto os efeitos do vírus ALZ-113, que, após sofrer uma mutação, transformava os seres humanos em seres bestiais, como os animais comuns, acabou sendo contaminado pelo próprio vírus. E, no final das contas, venceu o bom coração de César, que se compadeceu da situação do coronel e não o matou, deixando que ele próprio tirasse sua vida se quisesse.


Aliás, falando mais uma vez no vírus, achei brilhante essa história da mutação pela qual ele passou. Pois o mesmo vírus que transformou os macacos em seres tão inteligente e evoluídos quanto os seres humanos fez com que estes regredissem a um estado animal em que nem é possível a fala e a comunicação só se torna viável através de gestos. Muito poética essa inversão de papéis, rebaixando o ser humano em relação ao macaco e colocando-o como dependente deste, como podemos ver com o caso da garotinha contaminada pelo vírus.

Agora falando em efeitos especiais, é clara a evolução desde o primeiro filme. Aliás, no primeiro filme, eu achei os efeitos meio fracos – os macacos não eram muito convincentes, claramente eram feitos em computador, o que chegava a incomodar. No segundo filme, os efeitos melhoraram bastante e os macacos já eram bem mais reais. Mas, neste terceiro filme, eles estavam perfeitos! Até mesmo nas cenas em que os macacos estão cara a cara ou lado a lado com os humanos você consegue se convencer de que são reais, e não meras criações de um computador.


Também gostei muito da fotografia do filme, com cenários maravilhosos que dão gosto de ver, e da trilha sonora que, aliada à fotografia, davam o tom melancólico perfeito para um filme sobre guerra.

Enfim, Planeta dos Macacos: A Guerra, assim como os filmes anteriores dessa trilogia, é um filme que eu com certeza assistiria de novo, e mais de uma vez. Além de todos os pontos positivos que já citei, o filme é altamente reflexivo e nos faz pensar no nosso papel em relação à natureza e na forma como nos relacionamos com nossos semelhantes. E, apesar de ser um filme sobre guerra, uma das principais lições do filme é o amor, e não só por nossos semelhantes, mas também por todos os outros seres vivos que compartilham este planeta conosco.

Obs.: Já era de se imaginar que o César morreria no final desse filme, mas ainda assim foi triste. De qualquer forma, foi muito bonita a cena da morte dele em meio aos macacos todos felizes por estarem livres e em casa.





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