Bokeh - Crítica com Spoilers



Bokeh, escrito e dirigido por Geoffrey Orthwein em parceria com Andrew Sullivan, é um filme de drama independente distribuído no Brasil pela Netflix, cuja trama gira em torno de um casal que, em meio a férias na Islândia, descobre que o restante da população mundial de repente desapareceu.

Antes de qualquer coisa, é preciso dizer que se trata de um filme muito parado, mas muito mesmo. Partindo do pressuposto de que o restante da população mundial desapareceu, o filme possui um número de personagens bem reduzido, composto, basicamente, a princípio, apenas de Jenai (Maika Monroe) e Riley (Matthew O’Leary).


É praticamente impossível, ao longo do filme, não imaginar o que você faria numa situação como aquela. E eu cheguei à conclusão de que passaria pelas mesmas fases que a Jenai passou. Ou seja, no início ficaria preocupada e muito confusa, depois aproveitaria ao máximo e, por fim, entraria em desespero total. Porque, aderindo a um pensamento comum, eu não acredito que o ser humano possa se sair bem vivendo tão isolado daquela forma. Somos seres sociais, que precisam interagir com outros seres humanos e estar na companhia deles o máximo possível. Então, ainda que estejamos ao lado de alguém que amemos muito, como é o caso da Jenai e do Riley, não dá para evitar o sentimento de solidão e abandono.

Acontece que o Riley não pensava assim. Ele ficou chateado, preocupado e confuso quando tudo começou também. Mas depois, ao contrário da Jenai, ele conseguiu aceitar e se adaptar à nova realidade. Ele dizia que só precisava dela e que eles poderiam ficar bem só os dois ali, porém era óbvio que não era assim que ela se sentia.


Acho que tudo piorou quando eles encontraram aquele homem no interior, o Nils (Arnar Jónsson). A descoberta desse homem fez Jenai se encher de esperanças. No entanto, após ele despejar em cima dela várias palavras de desesperança sobre a situação deles e, em seguida, morrer, tudo piorou, porque ela começou a questionar o sentido de tudo aquilo e não encontrou. Ela ficou tão deprimida que o fato de se encher de expectativas quanto a uma mensagem recebida através do computador e descobrir que não passava de Riley foi o suficiente para ela decidir tirar a própria vida.

Então, quando Riley finalmente encontrou Jenai morta, eu pensei: “Ou ele vai se suicidar também ou alguma grande reviravolta vai acontecer nesse filme”. De qualquer forma, eu esperava ter alguma resposta sobre o que causou o desaparecimento de quase toda a população mundial. Moral da história? Não teve resposta alguma, Riley não se suicidou, o filme acabou do nada e eu terminei de assisti-lo com uma expressão incrédula. Inclusive, eu esperei todos os créditos terminarem para ter certeza de que eles realmente não mostrariam mais nada, e foi isso mesmo.


Não sei se a intenção do filme era nos passar a lição de que nem sempre resolveremos os grandes mistérios do mundo e que aqueles que não se contentam com isso acabam se deprimindo. O que eu sei é que eu senti falta de respostas e que foi extremamente frustrante ficar quase uma hora e meia assistindo a um filme que te entrega um final totalmente vago. Portanto, apesar da linda fotografia, com paisagens deslumbrantes da Islândia, da bonita e melancólica trilha sonora, e da ideia tão genial, é um filme do qual não gostei e que não recomendo.

Obs.: Para aqueles que ficaram curiosos em relação ao significado do nome do filme, a Wikipédia explica que: “Bokeh (do japonês boke ぼけ, "blur") é um termo usado na fotografia referente às áreas fora de foco e distorcidas, produzidas por lentes fotográficas. Diferentes bokehs de lentes produzem efeitos estéticos separados em fundos desfocados, os quais são frequentemente utilizados para reduzir distrações e enfatizar o assunto primário”. Acredito então que o nome do filme seja por conta do fato de o Riley quer tirar fotos de tudo, mas pode também ser uma alusão ao fato de que o filme foca apenas nele e na Jenai, deixando todo o resto distorcido e em segundo plano.

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