Eu não gosto disso não


Eu não gosto de balada. A ideia de usar um vestido apertado, sapatos de salto alto fino e maquiagem pesada para passar a noite inteira em pé, balançando a cabeça e o corpo mecanicamente ao som de música alta e (quase sempre) eletrônica, ao lado de um milhão de pessoas desconhecidas, recebendo cantadas de homens que nem se lembrariam do meu rosto no dia seguinte, nunca me agradou. Ainda assim frequentei muitas baladas entre meus 18 e 21 anos.

Consequentemente, como poderia gostar de carnaval? Pois é, eu não gosto de carnaval, pelos motivos acima (tirando o salto alto fino e a música eletrônica). Quando eu era criança gostava sim, porque adorava me fantasiar e brincar com meus primos no meio daquele ambiente tão colorido. Na medida em que fui crescendo, fui gostando cada vez menos. Mesmo assim frequentei muitos carnavais após deixar de ser criança.

Eu não gosto de barzinhos do tipo aonde as pessoas vão só para beber e comer petiscos. Eu não bebo nem sou muito fã desses petiscos; prefiro restaurantes que ofereçam uma boa refeição. De qualquer forma, já fui muitas vezes a esses barzinhos.

E a pergunta que não quer calar é: por que já fiz tantas coisas das quais não gostava? Existem duas respostas para essa pergunta: 1) para agradar aos outros; 2) porque me senti na obrigação de fazer.Quantos de vocês nunca fizeram algo simplesmente para agradar a outra pessoa ou porque se sentiam obrigados, pressionados?

Veja bem, não há nada de mal em querer agradar aos outros. Quando gostamos de uma pessoa, é legal (e normal) fazer coisas para agradá-la, e isso acaba incluindo coisas das quais não gostamos muito. O problema é quando se torna rotina, ou quando ultrapassamos algum limite próprio. Não vale a pena anular quem você é constantemente para agradar a outra pessoa. As pessoas que te amam de verdade te aceitam como você é, mesmo que entre vocês haja diversas diferenças.

Eu e (acredito) a maioria dos jovens da minha idade sofremos uma pressão cultural desde cedo para termos determinados gostos. Se você já tem idade suficiente (ou não) e não frequenta baladas, você é uma pessoa estranha e deslocada. Se você não gosta de carnaval, você é uma pessoa antiquada, careta e não pode ser que seja brasileiro! Se você não frequenta barzinhos, não é descolado. Por essas e outras verdades tão sólidas em nossa cultura que frequentei baladas, carnavais e barzinhos. Eu me sentia na obrigação de fazer tais coisas. Eu precisava mostrar às pessoas que eu era como elas; eu não queria ser a diferente.

Mas sabem o que eu descobri? Que não vale a pena. É ruim demais abrir mão de quem você é, correndo o risco de nem conseguir mais voltar a ser quem era, dependendo do quão longe você vá. Portanto, deem-se a liberdade de serem vocês mesmos! É bom demais dizer NÃO GOSTO disso, eu GOSTO daquilo; é um alívio sem tamanho! Quando aos outros, eu repito: quem te ama de verdade te aceita do jeito que você é e abraça com boa vontade as diferenças.

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