Okja - Crítica com Spoilers
Um dos mais recentes filmes
originais da Netflix, Okja, produzido e dirigido pelo sul-coreano Bong Joon-ho,
foi uma grata surpresa para mim, embora já soubesse que as críticas em relação
a ele tinham sido boas até então.
Eu fiquei realmente
impressionada com a sagacidade do filme ao tratar de temas tão relevantes como
o ativismo animal e as práticas abusivas e sem ética das indústrias alimentícia
e pecuária.
É possível prever desde o
início do filme que a empresa Mirando, comandada por Nancy Mirando (Tilda
Swinton), e que se diz ecologicamente sustentável e amigável, é uma farsa. A
história fantasiosa dos super-porcos mais parecia conto para crianças ingênuas.
Mais à frente descobrimos através de Jay (Paul Dano), líder do grupo ativista
chamado Frente de Liberação Animal, que os super-porcos não foram encontrados
ao acaso, mas sim produzidos em laboratório, o que significa que são porcos
mutantes, seres transgênicos.
Aliás, gostei muito da
Frente de Liberação Animal. Os ideais deles são não só direcionados ao amor
pelos animais, mas também por todo e qualquer ser vivo. Além disso, a forma
usualmente pacífica com que se organizam e executam seus planos de libertação,
é muito legal e passa o exemplo de que a violência é desnecessária para atingir
os fins pretendidos.
Falando em amor ao próximo, é
impossível não se comover com a forte amizade que existe entre Mikha (Ahn
Seo-hyun) e Okja. A garota sul-coreana, órfã de pai e de mãe desde muito nova,
cresceu ao lado de seu avô, Heebong (Byun Hee-bong), e da super-porca que foi
colocado sob seus cuidados, Okja. Para ela, Okja nunca foi apenas um animal,
mas sim uma grande amiga e companheira para todas as horas. Então, quando os
funcionários da Mirando levam Okja embora por ter sido selecionada como o
melhor super-porco, a menina enlouquece e faz absolutamente de tudo para
resgatá-la. É realmente emocionante vê-la correr atrás e até mesmo atravessar o
mundo para trazer sua grande amiga de volta para casa.
O filme faz questão de ser
bem duro e explícito ao mostrar os maus tratos que os animais utilizados na
produção industrial de carne sofrem. É difícil não se sensibilizar com as cenas
em que Okja é forçada a acasalar com outro super-porco, em que Dr. Johnny
Wilcox (Jake Gyllenhaal) retira carne dela ainda viva e ainda mais com as cenas
em que os super-porcos aparecem naquele gigantesco abatedouro. Mas confesso que
meus olhos encheram d’água mesmo foi na cena em que um casal de super-porcos
empurra seu filhote para fora do abatedouro, para que fosse salvo por Okja e Mikha,
e ficam olhando-o ir embora, enquanto eles estão prestes a ter um triste fim.
As cenas desse filme têm
causado tanto impacto naqueles que o assistiram que algumas pessoas estão
dizendo que se tornaram vegetarianas por causa delas. Acho que, no mínimo, o
filme te faz entender a ideologia vegetariana e vegana, e buscar saber de onde
vem o alimento animal que você consome, que tipo de
tratamento o animal teve antes de ser morto.
No mais, digo que o filme é
maravilhoso e que gostei muito. O elenco é muito bom e convincente em seus
respectivos papéis, o ritmo é ótimo e o roteiro é incrível. Acredito que se
trata de um filme que todos deveriam assistir, pois nos traz temas relevantes e
que, infelizmente, muitos se esquecem com frequência.