GLOW: 1ª temporada - Crítica com Spoilers
Quando
fiquei sabendo pela primeira vez sobre a série da Netflix GLOW, eu imaginei que
não fosse gostar. A história em si não me trazia muita empolgação. Mas tudo
mudou ao assistir ao primeiro episódio.
GLOW
é uma série maravilhosa! Amei a abertura, com aquela música dos anos 1980 e os
efeitos visuais típicos das produções daquela época. Se até eu que nasci na
década de 1990 senti uma nostalgia gostosa quando assisti ao primeiro episódio,
imaginem aqueles que de fato viveram a famosa década de 1980.
De
forma concisa, o primeiro episódio apresentou muito bem a história que o
programa pretende contar. Que bom, porque detesto aqueles primeiros episódios
enrolados que não chegam a lugar algum e ainda nos deixam com uma sensação de
não saber com o que estamos lidando.
A
série conta a história de Ruth Wilder, uma atriz frustrada por não conseguir
ser escalada para nada, e que, por conta disso, acaba aceitando a oportunidade
de participar de um programa de luta livre feminina chamado GLOW (Gorgeous
Ladies Of Wrestling).
O
elenco da série também é muito bom. Gostei especialmente do desempenho de
Alison Brie, que interpreta a protagonista Ruth Wilder, e de Betty Gilpin, que interpreta
Debbie Eagan, melhor amiga de Ruth e uma ex-atriz que se tornou dona de casa.
Aliás,
e aquela traição? No início pensei que Ruth tinha descoberto naquela cena do
carro que o cara com quem ela estava tendo um caso era marido de sua melhor
amiga. Mas não, ela já sabia. E essa traição - quem diria -, é o pontapé
inicial da trajetória das duas como lutadoras profissionais.
Confesso
que fiquei com raiva da Ruth por ter traído a melhor amiga, mas é bem difícil
odiá-la, porque Alison Brie conseguiu compor uma personagem carismática, que
desperta também empatia no público.
Quanto
aos cenários e figurinos, eu também amei. É uma verdadeira viagem aos anos
1980. Uma delícia de assistir!
Acredito
que a série tenta passar a todo instante duas ideias: mulheres podem fazer tudo
o que os homens fazem e mulheres devem permanecer unidas. É uma série declaradamente
feminista. O fato de o elenco ser quase todo feminino também reforça isso.
Mas
a questão é que essas ideias são muito bem passadas. As mulheres podem (e
fazem) tudo na trama de verdade; elas lutam, se organizam sozinhas, dirigem o
programa, arrecadam dinheiro para financiar a produção do programa. Fica mais
do que claro que os poucos homens que existem no elenco são meros coadjuvantes
na história.
A
atração também trata muito bem sobre a questão do ódio entre as mulheres. Como
Ruth foi para cama com seu marido, Debbie teria todos os motivos para odiá-la.
E ela odeia mesmo, só que esse ódio vai se dissipando na medida em que elas
percebem que são excelentes parceiras no ringue. Acredito que na próxima
temporada Debbie deverá dar uma nova chance à amizade das duas.
Ainda
falando sobre feminismo, o programa passa também a ideia de que as mulheres são
livres para fazer o que bem quiserem com seus corpos. Isto não só pelo fato de
se disporem a lutar, correndo o risco de se ferirem, mas também pelo fato de
Ruth ter realizado um aborto por considerar que não tinha condições de ter um
filho naquele momento de sua vida.
Falando
nisso, acho que essa questão do aborto ainda será abordada na próxima temporada
e poderá ser uma forma de unir ou afastar ainda mais Ruth e Debbie,
considerando que o filho que Ruth esperava era do marido de Debbie.
Para
finalizar, digo que GLOW de fato me conquistou. A série trata de temas
importantes e atuais alternando entre a comédia e o drama, mas sempre no tom
certo. E, assim como a personagem Debbie, eu comecei a assistir a série achando
esse negócio de luta livre meio bobo, mas depois entendi o sentido da coisa e
terminei curtindo e torcendo pelas minhas lutadoras favoritas.