As culpas que insistimos em carregar
Tenho uma tendência forte de julgar muito a mim mesma. Costumo olhar muito para o passado, analisando os eventos ruins mais marcantes e procurando a quem atribuir a culpa. E a quem essa culpa era geralmente atribuída? A mim. Porque, de alguma forma, eu sempre dava um jeito de fazer a culpa ser pelo menos um pouco minha.
Eu fiz coisas erradas no passado, mas quem nunca? Muitas coisas eu gostaria de mudar, mas não poderia, então eu me culpava, me magoava.Revivia aquelas cenas milhões de vezes, com vontade de escrever um novo desfecho para elas, mas sem poder. Então me restava apenas a culpa por não ter agido diferente, por não ter feito aquilo que hoje considero como certo.
Já deixei de aproveitar bons momentos por estar distraída demais com minhas culpas.
Além disso, tenho outra característica muito interessante: facilidade para perdoar os outros e dificuldade para me perdoar. Meu grande problema sempre foi perdoar a mim mesma. Eu pedia perdão a quem devia pedir, recebia tal perdão, mas continuava me sentindo mal, continuava sem ter a paz que eu desejava.
Demorei um tempo para entender, e assimilar, que cometer erros faz parte da minha natureza, por ser humana. De que forma aprenderia senão através de erros, sejam eles próprios ou alheios? Sendo assim, se você errar, não se apegue demais à culpa, ao remorso, mas sim à lição que você extraiu daquele erro, pois é ela que te fará evitar cometer outros erros iguais ou similares.
E a verdade é que não dá para voltar atrás. Não podemos reescrever o passado. Então, basicamente, só existem duas opções: viver assombrada por culpas que te consomem; pedir perdão a quem se deve pedir e perdoar a si mesma, para só assim seguir em frente.
Hoje, finalmente, depois de muito reviver erros e carregar culpas, eu decidi me desapegar delas. Às vezes elas insistem em reaparecer para me perturbar, mas rapidamente eu repito para mim mesma que é normal errar, e que ruim é cometer o mesmo erro por não ter aprendido com o anterior.